10.10.13

À Lina

Poesia que aparece no final da música À Lina , da Trupe Chá de Boldo

“A noite é uma pantera preta caminhando lá em cima. Meia noite exatamente.
Ponho muitas coisas de lado enquanto ando na madrugada, pintura.
Vou largando meus medos e tudo mais.
A medida que dou um novo passo,
E a paisagem, se transforma.
Na primeira encruzilhada paro!
Retiro do bolso uma caixa de fósforos e um par de velas,
Dou um gole antes de colocar a garrafa ao lado do poste,
Ascendo uma a uma as velas.
Velas vermelhas.
Um som da garganta visceral como bolha subindo.
Esse sentimento querendo estourar as paredes do corpo,
As mãos frementes vibrando por causa de correntes energéticas eróticas,
A cabeça meneando os ombros saracoteando, tudo junto
Numa sincronia estranha, que nem gato no telhado, gemendo alto.
Num jeito bichona de falar no final das palavras.
Imagens absurdas.
É tudo permitido!
O respeito se acabou, e tudo.
O suor transmitindo odores animais,
Uma bomba erradiando sua força, fazendo a pélvis se mexer freneticamente!
Devo pedir o que não se deve?
Tudo em desperdício!
Apareça Dionísio seu filho da puta!
Apareça Dionísio Paixão!
Só então tomado de assalto por suores muito loucos,
Salivação perturbadora.
Fico rubro, com o fogo no rabo.
Apareça Dionísio seu filho da puta,
Apareça Dionísio Paixão!
É o que eu peço, em todas as noites de festa!”

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